terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Desesperadas, mulheres que sonham em ser mãe são vítimas de golpes na internet.

Grupos de barriga de aluguel e solidária alertam para casos de golpistas que agem nas redes.


A oferta e venda de bebês acontece de forma indiscriminada em páginas do Facebook e grupos de WhatsApp. São pessoas que procuram adotar crianças (de preferência, recém-nascidas) por meio de barrigas de aluguel e barrigas solidárias. Porém, a marginalidade dessas técnicas abre espaço para golpes.
A dona de casa C.F. sonha em se tornar mãe mais uma vez, mas, por causa da diabetes, as esperanças de gerar uma criança acabaram. Para tentar realizar esse desejo, C. procurou na internet por uma barriga solidária, que é o ato de a criança ser entregue por livre espontânea vontade da mãe para outra família, sem cobrar nada por isso. 
Aluguel x solidária
Envolver dinheiro engloba mais situações do que as pessoas imaginam. Para ser uma barriga solidária e não caracterizar aluguel, a mãe biológica não pode receber nenhum tipo de benefício que envolva pagamento, nem mesmo aceitar dinheiro para consultas médicas e gastos em geral que a gravidez possa promover.
Mesmo que o processo de compra e venda da criança tenha se concretizado, ainda existe a possibilidade da família adotiva perder o "filho".
Carvalho explica que uma prática comum nesses casos é a família que está com a criança demorar para ir ao cartório e contar com a decisão do juiz de não retirar a criança do convívio, para que ela não sofra danos emocionais.
— No meu entendimento, não há idade para retirar a criança de uma família, quando essa se mostrou incapaz de conseguir um filho adotado por meio legal. Que crédito essa família merece? Não há princípios. A venda de crianças tem que acabar.
Adoção consensual
Existe a possibilidade de a mãe biológica escolher para quem quer dar o filho, porém, quem está disposto a adotar tem que estar dentro da lei e não pode haver contrapartida. 
O advogado Fernandez explica que os interessados em adotar que estão no Cadastro Nacional de Adoção, portanto considerados aptos pela Justiça a realizar o processo, podem realizar buscas por conta própria.
— Quem quer adotar pode fazer uma busca ativa pela criança, como em abrigos, por exemplo. Caso encontre uma mulher disposta a dar a criança, ela poderá ser adotada de forma consensual, porém, a pessoa tem que estar dentro da legalidade.
As crianças que fazem parte do cadastro de adoção também têm que estar aptas. Isso significa que que a Justiça esgotou todas as possibilidades de manter a criança com a família, então acontece o processo de destituição familiar.
— Em São Paulo, há uma burocracia maior para ter acesso a essas crianças. Quando quem quer adotar quer ir em um abrigo tem que ter uma autorização do juiz. Em outros Estados o acesso é mais fácil. Isso contribuí também para que os interessados em adotar fiquem mais flexiveis quanto ao perfil da criança. Essa aproximação cria empatia e ajuda a aumentar os números de adoções tardias.
Até novembro deste ano, havia 145 crianças aptas para adoção no Estado de São Paulo. A maioria tem idade acima de três anos, idade na qual a criança começa a ter mais dificuldade em ser adotada.
 

Nenhum comentário :

Postar um comentário